sábado, 6 de outubro de 2007

Cor de vinho

Numa ‘chaise-long’ ao fim de tarde, janela entreaberta, cortina suavemente esvoaçada. Pernas dobradas e sobrepostas, unhas recém pintadas, cheiro de uvas frescas, cabelos ainda molhados. Chega inesperado bilhete e, num súbito de decisão, Margareth levanta e vai ao encontro do remetente.
O lenço das índias ao vento na estrada curva. Na frente do café embaçado pela delicada neblina, vê-se a ponta do chapéu. A única rosa mais que vermelha que ele lhe entrega, faz maior efeito que um buquê inteiro. Os poemas levam a assuntos profundos.
Eis que toca o jazz pedido. Olhares decidem o sinal da dança, a curva dos pequenos e firmes pés desfaz-se lentamente, e ela cai no beijo intenso dos braços dele.
É madrugada de novo em Sevilha. A sombra da luz da lua, refletida pelo rio Guadalquivir, conduz a volta para casa, acompanhada apenas pelas estrelas, os gatos nos telhados, e a brisa da noite.

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