terça-feira, 11 de dezembro de 2007

De política, pra variar

(o que, nos últimos tempos neste blog, é uma variação mesmo)

Os dês-declarados

declaro a dês-declaração de tudo
porque não estão nada claros
os objetivos dos declarantes
quase todos eles

para maiores dúvidas,
declaram ponto final.

para burocracias,
declaram interrogação?

para exclamações!
declaram reticências...

"para aspas"
(declaram parêntesis)

para ruído,
declaram barulho

para voz
declaram tampões de ouvido

para grito
declaram tiro

onde a resposta de uma pergunta é outra
e os entrevistados jogam passa-e-repassa
até que a hostilidade da burocracia cansa,
e as reivindicações são podadas,
mas estas não sabem declarar soluções

então, os ex-reivindicantes declaram sua a-declaração
declaram seu mundo in-declarado
e seguem declarando nada.


>Passes e posses

A burocracia excessiva do Brasil não é segredo. Ela poderia, pelo menos, servir para dificultar a corrupção, talvez até o faça. Há tanta burocracia para corromper quanto para dês-corromper. O problema é que os corruptores têm mais poder – essa força ‘misteriosa’ que afrouxa barreiras, inclusive as burocráticas.


Questiona-se o fato dos anti-corrupção possuírem tanto poder quanto os corruptos, afinal, aqueles podem obter ajuda da opinião pública e do poder de denúncia da imprensa. Mas estes últimos poderes não são da mesma natureza do poder da corrupção, pois são voláteis, imateriais, enquanto este é tratado como uma posse.

Numa sociedade capitalista, possuir é o objetivo, portanto, o poder desta natureza pode ser do mesmo tamanho ou até menor que o de natureza ética, no entanto, encaixa-se melhor ao sistema, funciona com ele e não apenas dentro dele.

Que fique Renan com o cargo que lhe resta, já que se desfez de uma de suas propriedades, e que ajude no leilão. Que leiloem a decisão sobre a CPMF, entre defensores deste bem ao qual o poder lhes dá acesso e defensores da propriedade de seus cargos, através da decisão eticamente aceita de acabar com o imposto.

Vejam só, um julgamento com duas comissões de defesa! Time recuado - talvez seja essa uma das características da política que mais difere do futebol brasileiro.

Só espero que a torcida não entre na mesma onda e não aplauda de pé. Que descubra a força de seu poder, não de posse, mas de passe. Posse de bola, sem passe, não leva ao gol. O treino em meio a barreiras cansa, mas ainda acredito que cansa menos do que reclamar, em vão, continuadamente. Que apite o árbitro!

Um comentário:

Anônimo disse...

adoreeeei a poesia
mas fiquei com preguiça de ler o texto
depois volto
bjo