quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

flagras.

- Mas pra quê tanta boca-aberta? É lindo, eu sei, mas já passou, o sol, o pôr do sol... Bruna?! (...) É realmente lindo, mas é um pôr do sol, só um pôr do sol, tem todo dia, você parece que fica aí hipnotizada!
- (Volta os olhos para o rapaz calmamente) Sim, é só um pôr do sol efêmero – e, de certa forma, eterno, porque acontece todo dia, as cores mudam, mas toda tarde o sol se põe. É que eu tenho essa mania de me espantar com a vida. (O rapaz a olha intrigado, da mesma maneira com que ela observa o céu). Pode ser qualquer coisa de repente e pode ser até algo muito esperado que, mesmo assim, me espanta. Como o sol se pondo, ou quando você segura minha mão e me sobe um arrepio, fico toda boba. Quase um susto!

*

e se ele já tiver me levado como os outros? e eu tiver me perdido mais um pouco. e tivermos dançado de improviso, e caído logo no riso. e se nem-sei-onde for aqui? e não souber como sair, como ficar, pra onde ir. e que já não falo, comigo, dele, mas com ele. e se as rimas já entortaram e os silêncios se descalaram. e aqueles doidos desendoidaram e ficou todo mundo boquiaberto. e no céu desencoberto, uma lua novata. e descobrir que aquilo tudo não serve pra nada. enquanto somes com as gravatas e eu não paro de descobertas.

Um comentário:

Gustavo Braga disse...

As duas faces de um mesmo rosto.
É engraçado como, muitas vezes, temos mais de um ponto de vista pra um mesmo argumento.
O por do sol e o toque das mãos são sinceros e concretos, dando a impressão de que a insegurança passa longe.
Mas depois é o oposto.
O questionamento, a dúvida sobre ter feito a decisão correta ou não.
Fina linha entre certeza e incerteza.

Gostei.