quinta-feira, 18 de julho de 2013

a gente escreve

mesmo sabendo que jamais será possível passar em letras um décimo do que é viver, a gente escreve. pra registar momentos, pensamentos, ideias ou emoções. pra desacorçoar a alma, acalmar a mente e o coração. a gente escreve, porque coçam os dedos, porque palpita o corpo.

a gente escreve pra avisar aos desavisados que viver é perigoso, mas absolutamente imperdível e, mais, necessário, além de inevitável e inevitavelmente melhor que apenas olhar a vida passar – mesmo sabendo que não adianta o aviso.

a gente escreve, porque tem medo da morte, pra engrandecer a existência. escreve pra doer e pra sarar a dor, pro deleite e o desgosto. a gente escreve, porque tem fome de comer papel e vomita textos inteiros. escreve pra burlar o destino e reinventar passados. a gente escreve pra se isolar do mundo e se sentir menos sozinho. escreve pra esconder e jogar ao vento. pra dar vez à voz calada, esclarecer a voz confusa.

a gente escreve, porque lê, ouve e grita. pra crescer, entender, lutar, dançar, viajar e todos os outros verbos. a gente escreve pelos substantivos, adjetivos, advérbios, sujeitos e predicados. pra subverter a própria escrita. a gente escreve, porque tem o que dizer com silêncios. porque é inevitável e necessário. a gente escreve.

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